A partir do momento em que foi anunciada a
organização do TransPeneda que foi logo prioridade participar sendo a única
dúvida qual a distância! 😎
Entre os 80k e os 45k
“venceram” os 45k!
Uma decisão baseada na nossa
preparação para o CCC (101k) no UTMB em que a distância maior poderia colocar
em causa o resto.
Sabemos por experiência
própria que para acontecer uma lesão em trail pode acontecer em distâncias
pequenas mas a probabilidade em distâncias maiores duplica ou triplica ainda
para mais estando nós conscientes da dureza que o “nosso” Gerês nos oferece
sempre!
A preparação foi a normal e
toda a logística não fugiu à de outra provas.
Por conhecermos +- bem a Vila
do Gerês decidimos ficar no Hotel A
Moderna do Gerês.
Um hotel acolhedor com
excelentes condições para as horas que íamos lá passar.
Para os jantares também já
estava +- escolhido o local… o Pedra Bela.
Um restaurante simples, mas
com excelente atendimento e cozinha.
Saímos do Porto na sexta ao
fim da tarde sendo que chegamos ao Hotel, pousamos as tralhas e saímos para
levantar os dorsais no Auditório da Vila do Gerês.
A “coisa” foi rápida e
eficiente o que ainda deu para ir até à zona da meta tirar umas fotografias e beber um "fininho". 😆
Dali fomos para o Restaurante...
A escolha podia ter sido uma
massinha com frango grelhado mas como temos a mania que somos diferentes,
recaiu na Posta! 😁😁
Quando o funcionário pousou a
travessa até nos assustamos! OMG!!!!! 😱
500g de carne, com batata a
murro e feijão verde!
"A que horas fecha?”
“Por volta das 23h.”
“Ah então temos tempo de comer
isto tudo!” 😂
“Não tens de comer tudo!”
“Para trás não vai!” 😂
Depois de quase 2hrs à mesa
“limpamos” a travessa com algum custo e depois de uma volta rápida pela Vila
fomos para o Hotel preparar a “tralha” e descansar.
De manhã saímos do Hotel às
8h30m para apanhar o transporte para a partida na Ponte de Mizarela.
Enquanto esperamos deu para a
converseta da praxe com o Joca e para o Alexandre Ribeiro nos relembrar que tinha as
“botellas” no carro! Obrigao!!! 💪
A entrada nas camionetas das
centenas de atletas dos 45k, 25k e 11k demorou bastante o que fez com que
chegássemos `partida com um atraso considerável em relação ao anunciado.
A viagem foi bastante animada
com troca de experiências em provas e com um atleta do Viana Trail a contar
alguns “podres” do Sr. José Alcobia. 😂😂
Depois de uma espera longa para que todas as camionetas se juntassem e
cerca de 15m de viagem chegamos à zona da estrada perto da partida e após uma caminhada de cerca
de 1km chegamos à Ponte de Mizarela!
Um local fantástico, num vale
típico do Gerês, a fazer lembrar alguns locais da Guerra dos Tronos! 😜
A partida estava marcada para
as 10h30m mas com o atraso da viagem só saímos eram 11h15m.
Antes disso tivemos um breve
briefing pelo Carlos Sá e algumas informações dadas pelo Speaker de Nível Mundial, Joca! 😂
Estava uma temperatura
excelente para o trail, encoberto mas com sol de tempos a tempos!
+- 11h15m e lá foi dada a
partida!
Tendo sido a partida dos 25k e
45k implicou alguma confusão no início sendo que assim que voltamos à estrada
começou a “dissipar” e deu para ganhar algum ritmo!
O gráfico de altimetria era um
autêntico pente e na realidade assim foi!
Os primeiros 7kms foram quase
sempre a subir sendo que intercalado com alguns locais que dava para correr.
As sensações iniciais e com os
km’s a “correrem” rapidamente deu a esperança que iriamos conseguir ali o nosso
melhor resultado!
Tudo nos levava a acreditar
que seria mítico!
Íamos bem a todos os níveis!
Vejam lá que a Fófuxa ia tão
bem que nem se queixava… MILLLAAAAGGRREEE! 😂😍
Os quilómetros iam passando
sem contar e até cerca do km 17 conseguimos manter um ritmo constante entre
subidas e descidas onde passamos por locais fantásticos e de uma beleza de
tirar o fôlego a qualquer amante da natureza ou não estivéssemos nós no Gerês!!
Cerca do km 29, e sem nada que
o fizesse prever, a “dor” que senti no UTMB-OCC em 2016 fez-se sentir e vi logo
que a “coisa” ia descambar…
Assim foi…
Comecei a sentir dor no quadriciped
direito e tive de abrandar sendo que “mandei” a fófuxa seguir que já a apanhava…
Consegui continuar mas numa
descida, a forçar o ritmo e após passar por um rebanho de cabras onde felicitei
o pastor, uma dor no quadriciped direito me obrigou a parar por cerca de 10m…
Vi logo que dali para a frente
iam ser km’s de sofrimento em que correr ia ser muito difícil!
Tomei uma “bomba”, mas mesmo
assim não resultou em nada…
Consegui retomar e entre
“trote”, caminhar e paragens forçadas fui tentando alcançar a fófuxa.
Só consegui no abastecimento
dos 33km’s
A frustração começou a tomar
conta de mim e quando ali cheguei a vontade foi de bater em alguém e berrei de
tal forma que todos ficaram assustados…
Normalmente dizem que meto medo,
mas nestes momentos de frustração misturada com dor devo meter mais porque
ficou tudo “calado” e a olhar para o chão… 😂😝
“Estás bem?”
“Achas?! Que te parece?”
A minha fófuxa é uma santa por
me aturar nestas alturas! 😘😘
Consegui recuperar +- e
seguimos a um ritmo mais baixo até que por estar a compensar a dor no direito o
esquerdo começou a dar sinais que também ia entrar em “shutdown”!
Se há coisa que conheço são os
sinais que o corpo me dá e por isso a frustação aumentou…
Aumentou porque não conseguia
acompanhar a minha fófuxa que seguiu quase sempre sozinha, aumentou porque a
cabeça mandava correr e despachar mas as pernas diziam o contrário…
Os km’s foram passando em
locais fantásticos que normalmente percorremos a dois, com fotos aqui e ali
mas desta vez nada disso aconteceu.
Com tudo isto a frustração ia
aumentando…
Pelo caminho fui ultrapassado
por uma atleta espanhola que reconhecemos de outras provas...
“Te encontras bien?”
“Sim, estou!”
“Tienes calambres?
Toma sal!”
Mesmo não sendo mas perante a
simpatia e insistência aceitei! 😀
É nisto que o trail é
diferente dos outros desportos!
A entreajuda é fundamental
para ultrapassar alguns momentos menos bons!
Só me encontrei com a fófuxa
novamente no abastecimento dos 40km…
Quando consegui chegar fui
recebido pelo Leandro Pacheco da forma simpática e preocupada como ele trata todos!
“Então campeão?”
“As pernas não querem!”
“Oh deixa lá isso vai com
calma e segue!”
Mas a "melhor" foi a fófuxa na
sua enorme "consideração"…
“Oh só agora!?
Tanto tempo?!” 😎
Disse-me também que a
“espanhola” lhe tinha dito
“Tu marido viene com calambres.
Que le de sal!”
Adorava ter visto a cara dela
a ouvir a senhora… 😂😂
Abasteci e lá seguimos juntos
durante alguns km’s mas sempre com a fófuxa a liderar e eu a tentar acompanhar.
“Onde estás?”
“Já vou fdx!!! Pqp!!! Vai tu!!!!”
Sim, isto não é só amor, fotos
e fófuxise..
Nós também nos chateamos um
com outro e dizemos asneiras! 😇😈
Lá seguimos +- perto um do outro até que na
descida final para a Vila do Gerês as pernas bloquearam por completo!
Se até ali o psicológico foi
aguentando naquele momento caiu por completo ao chão!!!
Não conseguia dar um passo que
fosse, debruçei-me nos bastões, berrei e chorei!
Sim! Chorei! “porque um Homem também
chora quando assim tem de ser!”.
E ali teve de ser!!
Frustado, com dores, sem
conseguir andar e a pensar na prova que podíamos ter feito se não fosse por mim…
o descontrolo foi total!
Passados uns minutos lá
consegui “arrancar” e apanhar a fófuxa que estava à minha espera mesmo à
entrada da Vila!
Cheguei à beira dela a
hiperventilar mas a tentar correr para cruzarmos a meta!
Cruzamos a meta lado a lado
como sempre! 💑
Recebidos pelo enorme Joca
como se fossemos os primeiros! 😂
A fófuxa toda fresca e eu todo
“alucinado” e sem saber muito bem onde andava de tal forma que ela teve de me
puxar para dar o beijo da praxe 😍😘... mas estava feita!!!
Tempo final: 8h16m na raça!💪
O objetivo inicial era terminar e não chegar de
noite por isso foi cumprido! 💪💪
Mas podia ter sido mítica...
O caminho até ao Hotel foi
difícil até porque se tinha de chover forte foi naquele momento!😀
Só deu tempo para o banho,
arranjar e sair para jantar.
A escolha foi novamente o
Pedra Bela sendo que a escolha foi rápida… 😆
Polvo à Lagareiro!
Não existem registos
fotográficos porque a “vontade de comer e beber” era enorme… 😆😆
No pós jantar fomos fazer um
bocado de companhia na zona de meta ao Joca onde no meio de conversetas, risos e
palermices ia dando voz de chegada aos atletas do Peneda Gerês Trail Adventure
que tinham partido às 17h da Ponte da Misarela para a primeira etapa de 25km e
às 17h45m de Fafião para a primeira etapa de 11km e que tinham as 22h30 como
barreira horária para terminar.
Como o “senhor” não tinha
jantado fizemos-lhe companhia até ao “Vai…Vai Gerês” onde as conversas palermas
e risos continuaram!
É importante dizer que muitas
das chegadas de atletas foram “microfonadas” dali mesmo! :P :P :P
Quem é pro é pro!!!!!!! 😀
No dia seguinte após o
pequeno-almoço decidimos ir em passeio até Ponte da Barca onde estivemos a ver
in loco a chegada da 2ª etapa do PGTA o que deu para mais uns momentos de riso e
palermice com o El Speaker!
RESUMINDO:
O Transpeneda Gerês 45km foi
uma excelente prova com excelente organização!
O nosso Gerês é lindo e mais
uma vez tivemos a honra de o verificar in
loco!
Deu-nos o que de bom e mau
tem!
O bom das suas paisagens e
locais sem comparação e o mau de toda a sua dureza e dificuldade que me levou ao
limite!
Uma excelente organização do
Carlos Sá com voluntários simpáticos e atenciosos ao longo de todo o percurso (ao contrário do Arga 2018!)
e onde nada faltou!
Trilhos excelentemente
marcados e escolhidos por quem conhece tão bem aquela fantástica serra!
Para o ano quem sabe iremos ao
PGTA 8d pois ao ver a chegada da “estrangeirada” ficamos com essa vontade! 😂😂😂